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aqui está sua fonte de informação e diversão quinzenal (tá bom, eu sei que isso foi presunçoso). mais uma vez, viemos com notícias, pitacos e provocações
a longuinha da semana
um adeus a caio, mévio e tício — minha jornada até a descoberta do legal design
desde quando aluno, sempre me incomodou a linguagem adotada pela comunidade jurídica, professores, autores, julgadores, enfim, pelo meio jurídico em geral.
mas quem sou eu para fazer algo? não consigo mudar o mundo. segui meu caminho, estagiei, me formei, abri escritório, fiz pós, mestrado, doutorado, outros cursos. mas sempre me vi cercado por caio, mévio e tício. me tornei professor em curso superior de direito, o melhor dos ambientes para você se “amostrar” junto aos seus pares e alunos. ah, consigo imaginar o prazer de um professor de direito civil ao tratar da formação do contrato, enchendo a boca para falar do oblato. qual será a cara dos alunos ao ouvir a primeira vez a palavra oblato? o que raios isso quer dizer? e anticrese? tem muita gente formada que não consegue sequer entender, quanto mais explicar tais termos.
apesar de lecionar há duas décadas, nunca adotei o padrão de comunicação comum à maioria dos profissionais da área jurídica. nunca fui dos mais formais, e sim dos menos (e sempre fui julgado por isso). isso não significa que tenha me desapegado de termos e expressões jurídicas de uso cotidiano, ou mesmo tenha “rebatizado” institutos de direito no intento de “mudar o mundo”. revendo o caminho, e durante o caminho, me acomodei, apesar do desconforto que sempre senti com o egoísmo da linguagem jurídica, com sua incapacidade de falar ao seu real destinatário. mas me acomodei.
até pelas áreas do Direito com as quais trabalho, tive e tenho muito contato com diretores de empresas das mais variadas, alguns dos quais ligados à publicidade. descobri que os profissionais daquela área também falavam quase que um dialeto próprio. certa feita, durante uma reunião para a qual fui convidado a participar, foram tantas as palavras e expressões do referido dialeto que me senti, realmente, desconfortável. eu não sabia o que estava fazendo ali. imaginei o quanto estas mesmas pessoas ficavam desconfortáveis com as minutas que eu encaminhava para análise, ou mesmo lendo algumas peças que eles deveriam revisar, ainda que somente na parte fática. me recordo, como se fosse hoje, e isso já tem mais de 10 anos, que saí da tal reunião verdadeiramente incomodado, disposto a mudar algo. passei a ler muita coisa para além do direito (não me refiro a ficção). passei também a fazer cursos para além do direito. aprendi muito, mas aprendi essencialmente que a comunicação jurídica era altamente ineficaz e egoística. tive raiva de caio, mévio e tício, do oblato, da anticrese, e até mesmo da coisa julgada (explique a um leigo o que é a coisa julgada). então, saí caçando outros descontentes, mas encontrei poucos, em sua grande maioria acomodados. o que fiz? acomodei.
em 2016, durante um período fora de terra brasilis, um colega me questionou se eu já havia tido contato com o legal design. cheguei a corar por não saber do que se tratava. Corri para descobrir e encontrei muito pouca coisa, mas lá estava a “nave mãe”, o legal design lab, uma iniciativa interdisciplinar entre a stanford law school & design school, capitaneada por Margaret Hagan.
li, li muito, li tudo o que estava disponível. me apaixonei pela ideia, pelo conceito, por tudo. o direito ganhou muito mais sentido. ele não parecia mais egoísta, afinal ali havia um fim bastante claro: ensinar estudantes e profissionais de direito a aplicar conceitos de design ao ambiente jurídico, tudo centrado no ser humano. era um direito mais visual, mais claro, direto, menos chato, focado na resolução de problemas, sem oblatos ou anticreses, mais humano!
de volta ao brasil, passei a procurar cursos, decidido a aprender um pouco mais. decepção. não encontrei nada, nem mesmo na literatura. com o tempo, e o auxílio das redes sociais, fui encontrando uma ou outra iniciativa, alguns incomodados, até que certo dia, em mais uma pesquisa, me deparei com a oferta de um curso de visual law. olhei o programa e me lembro claramente de ter sentido aquela sensação de “uau”. me inscrevi. Lá conheci Ana Holtz. era ela, aliás, quem estava ministrando grande parte do curso e, o mais importante (por ser algo muito novo pra mim), comandando a sessão prática. caramba, tinha bastante gente, não sei se apenas curiosos em saber o que era aquilo ou outros tantos incomodados. dentre os tantos, também haviam vários designers. que baita negócio legal!
me encantei ainda mais pelo assunto, descobri técnicas de utilização, novas referências (dot., legal geek, legal design summit, dentre outros), etc. passei a aplicar o que aprendi, difundindo a ideia, praticando com meus colegas. meses após surgiu um summit por aqui, e cá estavam, em pleno brasil, referências mundiais do legal design como meera klemola e emma hertzberg, fundadoras da observ agency.
me dei conta, então, que também podia me tornar um propagador do legal design no ambiente acadêmico. aproveitei a coordenação de uma semana jurídica em uma faculdade de direito de tradição e agendamos uma palestra. o tema foi “Legal Design: Como melhorar a experiência das pessoas com as informações jurídicas”. pouco a pouco, umas mais constrangidas, outras menos, as pessoas passaram a me perguntar: “mas o que é o legal design?”. eu me limitava a pedir que assistissem à palestra. Elas assistiram e acabaram fisgadas, tal qual fui fisgado anos atrás.
passados alguns anos, posso dizer que NÃO MAIS ME ACOMODEI. hoje coordeno um lab de inovação em faculdade de direito, onde fundamos um dos (senão o) primeiros núcleos de legal design do brasil. já são mais de dois anos de prática, muita gente aprendendo que o direito pode ser muito mais leve, alunos sendo contratados por grandes empresas, já que agora contam com diferencial notável. já fomos convidados por uma grande montadora para participar de desafio, participamos de documentário na tv justiça, fizemos cursos, promovemos legalthon, e por aí vai…
para além dos projetos de propagação, da satisfação em ver a ideia sendo difundida, da perspectiva de ter um direito mais humano, focado na resolução de problemas, e não em sua criação, fica o enorme prazer em dizer que temos tudo para nos livrar não de caio, tício, mévio e do oblato, mas do que eles representam.
se você se interessar, já estamos dando cursos presenciais sobre o tema. fale comigo.
as curtinhas
os vaqueiros versus as redes
fonte1
já falamos do texas aqui outro dia e, ao que parece, o estado dos caubóis americanos está se especializando em produzir material legal dos mais polêmicos.
depois da lei que dá até recompensa para quem denunciar mulheres (nem vou me alongar no assunto, pois já escrevi sobre isso), agora os homens de chapéu de vaqueiro criaram uma lei que, na prática, proibiria as redes sociais de realizar moderação de conteúdo ou, para ser mais preciso, até mesmo cobrar o respeito às suas políticas.
em verdade, ela impede as redes sociais de banir qualquer usuário ou restringir seu conteúdo, até mesmo de alterar algoritmo de alcance, em função do “ponto de vista” desse usuário, o que quer que seja isso.
a vigência da lei acabou sendo suspensa pela suprema corte dos usa, por 5 votos a 4, ainda que de modo provisório.
o argumento do cowboy n° 1, o governador do texas, é de que a lei garante a liberdade das pessoas.
engraçado é que aquela outra lei, aquela da qual falamos, não parece caminhar no mesmo sentido.
mais uma que teremos de aguardar para ver no que vai dar.
os macaquinhos milionários já estão servindo de garantia
como devem saber, a coleção de nfts batizada de “bored apes”, ou macacos entediados, atingiu valores astronômicos de negociações, muito porque acabou tendo diversas de suas obras adquiridas por celebridades, dentre as quais o adulto ney.
para além do hype, agora os nfts estão sendo utilizados como garantia de operações financeiros. sim, é isso mesmo: agora, ao tomar crédito, algumas instituições aceitam como garantia seu nft. evidentemente, essas operações ainda não estão sendo celebradas pelos bancos tradicionais, mas por empresas com enorme apetite ao risco, considerando-se a volatilidade do ativo dado em garantia.
é esperar para ver se a moda pega. quem sabe você não poderá dar como garantia aquela espada que ganhou jogando minecraft?
quem são os “the beatles”? tá maluco, doidão?
tudo bem, taylor swift é simpática, dua lipa tem um vozeirão, gloria groove é talentosa e carismática, anitta é uma força da natureza, mas vamos com calma…
uma pesquisa recente constatou que 1/3 da geração z, pessoas abaixo de 25 anos, não sabem nada dos fab four.
o resultado poderia soar esquisito em qualquer lugar do mundo, mas chega a ser ofensivo, já que a pesquisa foi realizada em liverpool, cidade que revelou os besouros.
a mesma pesquisa constatou que metade das pessoas da geração não conheciam david bowie (pai amado, perdoai essas almas), mais de 60% nunca ouviram falar em aretha franklin, e a maioria não estava familiarizada com a banca irlandesa u2 (hoje, até perdoável).
acorda, pedrinho…e vai ouvir o álbum branco, pelo amor de deus!
just for fun
pasta e basta? barilla acha que não
quem curte um macarrão sabe que o processo, que envolve o tempo de fervura da água e a cocção em si, pode ser muito solitário.
pensando nisso, a barilla criou uma playlist no Spotify para cada tipo de macarrão da marca. assim, ao invés de contar os 10 minutos de cocção de um penne, você encontra uma playlist que vai durar o tempo ideal de cozimento da massa.
genius!!!
então é isso, por hoje é só.
espero que tenha gostado. Se gostou, compartilhe com seus amigos. Se não gostou, compartilhe com seus inimigos, envie para a família junto com o bom dia no zap, e por aí vai.
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