e aí, feriadou❓
antes de feriadar, falamos aqui sobre os coleguinhas que foram punidos por usar o gpt, um aterrorizante app black mirror, franceses apertando cerco contra influencers, e mais...
simbora…🚀
reguladores de biquinho decidiram dificultar a vida dos influencers 🥖
se você ainda não sabia, fique sabendo que a França é um país doidinho por regulação. o povo que faz biquinho tem uma mania braba de sair regulando tudo que é assunto, desde os úteis até os inúteis, passando pelos muito polêmicos (como é o caso da jurimetria - mas não falarei disso hoje, até para não me estressar 🙃).
agora foi a vez daquilo que os representativos do legislativo perfumado chamam de “selva de influenciadores” (achei grosseiro 😜).
sim, os franceses acabam de criar regras bastante duras sobre o assunto, umas elogiáveis, outras nem tanto. algumas destas regras deixariam bocas rosas e virgínias de cabelo em pé se estivessem em vigor por aqui.
para começar, influencers foram equiparados a famosos de rádio e tv.
além disso, os miguxos da audiência ficam proibidos de anunciar produtos e tratamentos estéticos que somente podem ser recomendados por profissionais da saúde. ou seja, se o procedimento é feito por profissional da saúde, somente pode ser por ele recomendado (adeus influência de harmonização - demonização - facial).
propagandas de apostas, investimentos em criptomoedas e outros produtos financeiros arriscados estão proibidos, assim como a promoção de tabaco e qualquer coisa relacionada à nicotina.
um ponto bem bacana: quando um influenciador decidir usar um filtro ou inteligência artificial para melhorar uma imagem, ele vai ter que alertar seus seguidores. pois é, vai ter de fazer um auto exposed (quero só ver se isso vai dar certo).
e se as regras forem descumpridas?
a regulação não foi das mais suaves, não.
o influencer que descumprir as regras poderá ser punido com multa de até € 300 mil ou até 2 anos de prisão.
é bom ficar de olho em como as coisas vão se desenrolar por lá, já que leis costumam ser replicadas em outros países.
coleguinhas advogados foram usar o gpt e se deram mal
eu vivo dizendo que usar o gpt, assim como qualquer outra aplicação de inteligência artificial, é uma decisão que deve ser balizada em algumas premissas, sendo que a principal delas é repertório. quando falo em repertório falo na capacidade de saber se aquilo que o gpt te respondeu é ou não correto. pior, se é ou não verdadeiro.
sim, amiguinhos, a ia está cada vez mais parecida com os humanos e, quando “apertada”, pode mentir. é o que os técnicos chamam de delírio da inteligência artificial.
imagine que você está usando uma ia para te ajudar a ganhar uma causa, pesquisando jurisprudência, e o robô começa a inventar casos que nunca existiram. foi isso que aconteceu com alguns advogados que estavam processando a Avianca, a companhia aérea colombiana, em Bidenland.
eles usaram o ChatGPT para ajudar na pesquisa dos casos, mas, para a surpresa deles, o robozinho acabou inventando seis casos que nunca existiram.
um juiz percebeu isso e disse: "Hmm, acho que temos aqui alguns casos falsos com citações falsas."
o advogado Steven A. Schwartz admitiu que usou o bot para sua pesquisa. e quando descobriu o problema, ele fez o que qualquer um de nós faria: perguntou ao chatbot se ele estava mentindo! o gpt, como um adolescente culpado, pediu desculpas pela confusão mas insistiu que os casos eram verdadeiros.
no final das contas, Schwartz se deu conta de que deveria ter checado se o conteúdo era verdadeiro. agora ele diz que vai pensar duas vezes antes de usar inteligência artificial para ajudar nas pesquisas legais, a menos que possa verificar a autenticidade do conteúdo.
agora, o juiz convocou os advogados para prestar explicações à corte, com a possibilidade de lhes aplicar sanções.
vale lembrar que o sistema jurídico em Bidenland é o que chamamos de consuetudinário, e os julgamentos anteriores acabam sendo precedentes para decisão nos seguintes.
é, portanto, um erro que pode custar muito caro aos advogados, pois poderia soar como tentativa de manipulação judicial.
e se tudo o que você viu, ouviu e falou pudesse ser reproduzido a qualquer momento❓
se você já assistiu a black mirror, deve se recordar de um dos melhores (e mais perturbadores) episódios de todos, “The Entire History of You”, episódio 3 da primeira temporada da festejada série (se não assistiu, assista).
não vou falar por aqui do episódio em si, ou seja, não vou dar spoiler, mas uma startup está oferecendo um serviço semelhante.
chamado de “Rewind”, o serviço promete ser sua “memória perfeita”, tornando absolutamente pesquisável, como se fosse um google da sua vida.
qual a primeira preocupação que viria à cabeça?
privacidade, é lógico.
a aplicação afirma que nenhuma informação é enviada à nuvem ou dispositivo externo, ficando tudo armazenado em sua máquina.
sei não…
imagina só você ter de lembrar de coisas que você quer esquecer. ou então seu par pedindo a você para dar uma “olhadinha” em memórias passadas.
e se a 🍎 não puder mais chamar o iphone de iphone no Brasil❓
essa é uma daquelas histórias que se você contar a alguém, em qualquer lugar do mundo, certamente passará a ser visto como os conhecidos pescadores.
em breve resumo, para quem não conhece a história, uma empresa brasileira chamada Gradiente, até então bastante renomada, pediu o registro da marca “Gradiente Iphone” ao INPI no ano 2000, 7 anos antes de a empresa da maçã lançar seu smartphone.
o registro dessa marca da Gradiente, com o I maiúsculo, foi concedido pelo INPI em 2008 (8 anos para concessão de um registro de marca - inacreditável). em função desse registro, o inpi recusou o registro da marca iphone pedido pela maçã por aqui.
mas a coisa é mais complicada do que isso. a gradiente, apesar de ter a marca, só lançou um aparelho com esse nome em 2012, bem depois da gigante americana ter lançado o seu.
a apple decidiu brigar pela marca aqui em terra brasilis e, em 2013, entrou com ação para declarar a nulidade parcial da marca a gradiente. disse usar a marca com precedência, destacou a característica de suas marcas sempre com i minúsculo, etc.
até aqui, em todas as instâncias, a apple levou a melhor.
agora, o caso que chegou ao STJ já tem algum tempinho, começou a ser julgado em plenário virtual (ministros podem votar até dia 12). no único voto dado até aqui (quando escrevo essa news), ministro Toffoli deu razão à Gradiente, que deve estar esfregando as mãozinhas de olho em lucros de todo esse período (até porque esteve em RJ, toda lascada, e nem sequer usa mais o nome Gradiente).
eu prefiro não comentar 😅.
você se lembra da seção “nós pagamos (caríssimo $$$) por essa lei”❓
ano passado, essa newsletter tinha uma seção dedicada exclusivamente aos projetos de lei, leis, normas jurídicas em geral, ABSURDAS, para dizer o mínimo.
esse ano havíamos dado um respiro para o criativo legislador brasileiro, mas a verdade é que ele segue gastando seu rico dinheirinho com propostas de lei verdadeiramente surreais.
a “bola da vez” é um projeto de lei da cidade de guaratinguetá, estado de SP.
desde já, gostaria de deixar claro que nada tenho contra nenhuma religião, fé, etc, muito ao reverso. sou um ferrenho defensor das liberdades, e dentre elas está a religiosa.
daí a querer legislar para criar o “Dia Municipal da Esposa de Pastor Evangélico” vai uma enorme distância.
sim, não é nenhuma piada. além de absurda, se partirmos das premissas de que o estado é laico, e que pessoas adeptas de outras religiões terem de remunerar o legislativo para esse tipo de proposta, o projeto ainda é sexista.
se você duvida ou quer ver para crer, aqui está um link para essa “obra de arte” - clique aqui para ver o projeto e sua justificativa.
enquanto nossos “representantes” continuarem a se portar como se o estado fosse sua própria casa, estamos lascados.
então é isso, por hoje é só.
Ps: todas as imagens foram retiradas do giphy.com