chegamos...06
aqui está sua fonte de informação e diversão quinzenal (mais uma vez, eu sei que isso foi presunçoso). bora lá com notícias, pitacos e provocações
você conhece a clearview ai? não? mas ela conhece você…
qual o preço de sua segurança? algumas pessoas acham que segurança não tem preço.
baseada nessa premissa, a clearview ai é uma empresa que diz ter como missão tornar o mundo mais seguro. e como raios ela fará isso? é aqui que a coisa ganha contornos mais dramáticos (e instigantes).
a clearview é dona de uma ferramenta de ia (inteligência artificial) que promove a raspagem, em redes sociais, da imagens de pessoas a partir de fotos e vídeos por elas postados. em suma, e de modo exemplificativo, a ferramenta vai até seu perfil, pega aquela foto ou vídeo que você postou, e então armazena em um enorme banco de dados, no qual a própria empresa diz ter mais de 20 bilhões de imagens, todas retiradas de redes sociais.
20 bilhões? tá doidão? não, não estou, é isso aí que você leu.
em resumo, a ferramenta captura a imagem na rede social e tenta combinar com outras já constantes em seu pequenino banco de dados. com isso, amplia constantemente os pontos de “reconhecimento facial”, aprimorando seu algoritmo.
e o que ela faz com esse enorme banco de dados?
a empresa se gaba de ter acordo de utilização com diversas instituições de segurança, algumas das quais privadas. em suma, ela organiza as imagens, cataloga, marca os pontos de identificação, e transforma tudo isso em um produto de reconhecimento facial biométrico.
pois é, mas a autoridade da dados britânica não gostou nadinha da ideia e, por tudo isso, a clearview foi multada pelo ico em, aproximadamente, 9,5 milhões de dólares, que ainda determinou que a empresa deixe de realizar raspagem e apague todos os dados coletados de residentes nas terras da rainha.
o ico, comissário de informação do reino unido, afirmou que a empresa faz mais do que identificar indevidamente as pessoas, mas também monitora seu comportamento, lucrando com isso, ofertando produtos.
a clearview se defende dizendo que os dados estão lá porque as pessoas os disponibilizaram, sendo públicos, acessíveis a todos, e que ela não faz nada diferente do que o google, indexando as imagens e vídeos.
aí está a grande questão: imagens e vídeos disponibilizados na rede pelas pessoas são públicos e, por isso, não estão sujeitos a qualquer controle ou restrição de tratamento?
é isso o que defende a clearview, e o oposto disso é defendido pela autoridade de dados da monarca britânica.
interessante pensar em situação semelhante em terra brasilis. como nossa lei trata a questão? postou, rodou, ou há restrição de tratamento?
voltemos à questão central: imagens e vídeos postados em redes sociais, de modo voluntário, pelos próprios titulares, as tornam públicas? e, sendo a resposta positiva, elas podem ser tratadas por qualquer um?
a resposta, evidentemente, é não. e, por mais que se busquem argumentações complexas, é das mais essenciais: finalidade!
sim, parece que a resposta passa diretamente pelo princípio da finalidade. vamos a um exemplo: ao postar uma foto em rede social, o que você tem em mente? o que pretende com a postagem? sua resposta pode ter nuances, mas podemos dizer, com absoluta precisão, o que você não espera: que ela seja agregada a um banco de dados de uma empresa privada, que vai associa-la a outras tantas, aplicando seu algoritmo de identificação biométrica, transformando sua imagem em um produto, lucrando com isso, sem que você tenha sido sequer informado, quanto menos autorizado.
portanto, somos da opinião (e, por isso, aceitamos posição contrária) de que a solução dada pela autoridade de dados da coroa está certinha. e não precisa ser bidu para saber que estamos muito perto que isso venha ocorrer em terra brasilis. se é que já não está acontecendo uma versão tupiniquim, não é mesmo serpro?
as curtinhas
reconhecimento facial e pornografia de vingança
já que estamos falando de reconhecimento facial, se você é daqueles que ainda acha que vale tudo, segura essa…
existem empresas nos eua que estão vendendo um serviço de reconhecimento facial. um exemplo é a pimeyes. como funciona? explico: você contrata, sobe uma ou algumas fotos, e ele identifica, varrendo a rede, outras imagens que podem estar associadas a você. ok, até aí, você pode imaginar, o facebook também fazia isso, nos limites de sua plataforma.
essas ferramentas atuais, entretanto, vão além. elas varrem toda a internet, inclusive sites de pornografia. se há um lado positivo nisso, já que a ferramenta seria capaz de localizar tais imagens criminosas, há o lado negativo: (1) ela não consegue diferenciar o que é real de montagem, ao menos até aqui, e (2) qualquer um que pague pode subir uma foto de outra pessoa.
em suma, pessoas que foram vítimas de pornografia de vingança, tempos atrás, podem ter esse trauma trazido de volta à tona.
esse tal de reconhecimento facial rende assunto.
tio sam também quer apertar as big techs
promessa de campanha de joão biden, a regulação das big techs segue aos trancos e barrancos nos eua. mas, parte importante dela, avançou e se imagina que seja votada antes das eleições de meio (midterm), já que eventual retomada de poder no senado pelos republicanos dificultaria a aprovação.
o projeto que avançou prevê que as plataformas de tecnologia não poderiam dar tratamento preferencial a seus próprios serviços em seus mercados de operação. do ponto de vista prático, impediria, por exemplo, o google de fazer suas próprias recomendações no topo da pesquisa, ou mesmo a amazon de oferecer produtos próprios, e não de concorrentes, segundo seus critérios de classificação.
é pano pra manga, doidão.
influencers são livres? não na china
temos falando bastante de influencers ultimamente, em especial no perfil do instagram (aqui), e do gigantesco mercado em torno dessas pessoas capazes de engajar outras a contratar. se o daqui é enorme (29 bi em 2022), imagina o da china. tá bom, não precisa imaginar. estamos falando em 180 bilhões de dólares em negócios.
barbada que os maiores influenciadores locais são verdadeiras celebridades. o problema é que, na china, tudo é controlado, e três dos maiores influencers chineses acabaram “caindo em desgraça” após postagens que, aparentemente, desagradaram o partido. o maior exemplo deles é Austin Li, com 60 milhões de seguidores que, da noite para o dia, apesar de sua conta ainda estar ativa, parou de realizar postagens. tudo porque teria mostrado uma sobremesa em formato de tanque, e as autoridades supostamente relacionaram a conduta ao massacre da praça tiananmen. ninguém sabe o que aconteceu, mas, por via das dúvidas, acho melhor ficar por aqui e fazer publi de bananinha de paraiubuna (uma delícia).
parece mentira, mas é verdade
delegado Pablo, deputado federal eleito pelo estado do amazonas, filiado ao união brasil, apresentou projeto de lei que limita a remuneração das plataformas de intermediação de transporte de passageiros a 10% do valor cobrado do passageiro.
tá, podemos discutir por horas, dias, o modelo de negócio, o quanto as plataformas ganham, a necessidade de organização dos motoristas, mas projeto de lei para limitar remuneração?
também podemos discutir, pelo mesmo tempo, os reflexos de uma medida como essa proposta, mas o fim é conhecido: pack your bags! sim, quem vai investir no mercado de um país que, de antemão, limita seus ganhos? e mais, ainda tem impõe um enorme risco em termos de segurança jurídica, considerando suas posições jurisprudenciais ioiô. ninguém!
e aí voltaremos a ter o monopólio dos táxis que prestavam excepcional serviço, carros sempre limpinhos, a custo baixo, com pontos sendo vendidos a módicos preços, licenças sendo alugadas a taxistas com previsão legal… genial (contém ironia)
que “santa maria dos projetos sem noção” enterre mais esse!
o metaverso vai pegar?
o citi não só acha que vai, como vai pegar forte.
relatório do banco americano aponta um potencial endereçável de até 13 trilhões de dólares.
veja aí se você consegue, sem escrever, dizer quantos zeros cabem nesse singelo número.
é por essas e outras que tio zuck está com todas suas energias voltadas para o metaverso, ainda que se reconheça que, estando em estágio inicial de desenvolvimento, os riscos envolvidos sejam enormes.